sábado, 29 de janeiro de 2011

Localização da Igreja SEDE PARNAMIRIM RN


                        IGREJA EVANGELICA ASSEMBLEIA DE DEUS
                                                Ministerio de Anapolis-Goias
                                                 SEDE EM PARNAMIRIM/RN
                       Av.Brigadeiro Souto 420-Boa Esperança/CEP:59.140 590
                                           Tel:(84) 9661-1458 /9658-7023 
                                                 Pr Presidente:Flavio Luiz



 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Igrejas e a teologia da prosperidade

Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ


Pobreza não é sinal de operação de demônios, como prega algumas denominações religiosas, como podemos ler em Tiago 2.5 "Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?".

Salmo 41:1 "Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal."

Mateus 5:3 "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;"

A razão de muitos empresários fracassarem é tudo menos demônios... muitos trocam de carro todo ano mas se esquecem de pagar as dívidas, seus fracassos são frutos da ingerência e incompetência financeira.

Deus não amaldiçoa ninguém, mas quem contribui com amor é abençoado não por contribuir, mas por fazer com amor, isso é uma prova de desprendimento dos bens materiais.

As bênçãos que Deus tem pra nós são espirituais, é salvar nossa alma.... as demais são conseqüências do nosso amor, nosso compromisso com Deus. Não foi por acaso que Jesus disse: "Lucas 12.31 " Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.", acrescentar significa adicionar com algo que já existe (roupa, alimento, não diz que seremos milionários!)

Não existem NENHUM versículo na Bíblia que nos incentive a pedir riqueza para Deus, portanto a Teologia da Prosperidade não é bíblica.


I timóteo 6:10 "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. "

Hebreus 13:5 "Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei. "

LEIA OS EVANGELHOS, PRESTE ATENÇÃO NAS PALAVRAS DE JESUS, PERCEBA QUE OS VALORES DE JESUS SÃO CONTRÁRIOS AOS VALORES E AMBIÇÕES QUE NOS ENSINARAM NOS PÚLPITOS. PRECISAMOS VOLTAR AO VERDADEIRO EVANGELHO PARA SERMOS SALVOS !

A Integridade Moral do Profeta Eliseu

Autor: Pr. Cefas Cesar(IEADA/EXTREMOZ)

“Mas os que querem ficar ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.9-10).

Um homem íntegro. Integridade moral, de caráter, de fé. Ao saber que poderia pedir o que quisesse a Elias, quis apenas “uma porção dobrada do espírito” do profeta. (2 Reis 2.9). Essa unção valeria muito mais do que mil barras de ouro.

A sua retidão de caráter se revelou de forma cristalina quando recusou uma “bênção” de Naamã. O poderoso chefe do rei da Síria iniciou viagem com “dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupas” (5.5). Uma fortuna equivalente a mais ou menos trezentos e quarenta quilos de prata e setenta e cinco quilos de ouro, afora as roupas. As portas estariam abertas para ele e seria recebido com honras.

Habituado às reverências e aplausos na casa real, ficou decepcionado com a recepção que lhe dera Eliseu. Pensou que o profeta estaria perfilado, ele e seu moço, à porta de sua casa para saudá-lo. Não se pode negar que, fosse nos dias atuais, Naamã ficaria mui alegre. Teria imediato assento ao lado do celebrante, no púlpito, e seria o primeiro a dar seu testemunho antes e depois da cura.

Por isso, Naamã muito se indignou:

“Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sairá, pôr-se-á em pé, invocará o nome do Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso” (5.11).

Há muitos apressadinhos que desejam uma solução rápida para seus problemas. Uma palavra mágica, uma oração urgente, um amuleto em que possam tocar e ficarem sarados. E ricos, muito ricos.

Deus não deseja curar apenas nossos males físicos. Muitas vezes, Ele nos faz caminhar pelo vale da sombra da morte, por caminhos que se nos parecem difíceis, portas e caminhos estreitos para quebrar nossa soberba. Não há vitória sem luta, como não há salvação sem arrependimento.

Naamã, que tinha um exército sob suas ordens, jamais imaginou que fosse obrigado, pelas circunstâncias, a submeter-se a um humilde homem. O profeta não se deu ao trabalho de falar pessoalmente com o poderoso chefão. Mandou um mensageiro:

“Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será curada e ficarás purificado” (5.10).

Naamã recebeu o recado como um insulto, uma afronta. Não aceitaria tal ultraje. Ele era o chefe do exército do rei, do rei da Síria. Merecia tratamento honroso. Mas resolveu ouvir o conselho de seus servos; olhou para a lepra que avançava; de que adianta ser um general de guerra e ser leproso? Será que esse tal de Eliseu não sabe que eu sou um homem rico?

A lepra do pecado é muito mais danosa. Eliseu poderia curar Naamã com poucas palavras, mas o leproso voltaria com a mesma soberba. Banhar-se no Jordão sete vezes seria equivalente a descer à casa do oleiro, a assimilar o princípio da obediência. Se Naamã tomasse seis banhos e não sete, não ficaria curado. Deus requer submissão total; entrega total; confiança total.

Após a cura, outra decepção. Instado a receber muitos quilos de ouro e prata como retribuição pelo benefício divino, o profeta simplesmente recusou. É possível que nem tenha conhecido o montante da “bênção”.

Naamã não sabia que existia esse tipo de homem. Pensava que todas as consciências poderiam ser compradas e todo o tipo de fortaleza moral poderia ser vencido com ouro e prata. Diante do que temos visto, o que os leitores acham que aconteceria hoje? Com certeza, receberia Naamã uma oração especial de meia hora; seria apresentado às ovelhas como o irmão Naamã, o maior benfeitor do ministério; seu nome seria colocado numa placa de ouro, em homenagem ao “grande homem de Deus”; seria convidado a ser dizimista da igreja.

Naamã encontrou no profeta uma fortaleza moral inexpugnável. Eliseu recebeu a unção de graça; de graça recebeu o dom da fé, os dons espirituais, a capacitação e a salvação. Receber uma oferta logo após uma cura seria mercadejar os dons recebidos.

O profeta era homem justo e temente a Deus. Sua resposta a Naamã foi uma ducha de água fria:

“Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não a aceitarei” (5.16). Faço questão de repetir: “EM CUJA PRESENÇA ESTOU”. Eliseu tinha plena convicção de que Deus estava naquele lugar. Da mesma forma Deus está presente nas falcatruas dos “profetas de Deus” de hoje. A diferença é que Eliseu era íntegro.

Geazi, o moço de Eliseu, não tinha o mesmo pensamento e a mesma integridade. Por isso, recebeu o duro castigo de ficar leproso: “Portanto a lepra de Naamã se apegará a ti e à tua descendência para sempre” (5.27).

Alguns há que não sabem manipular grandes quantias em dinheiro sem se contaminarem. Os geazitas de hoje estão leprosos. São “profetas” a “apóstolos” leprosos. Deveriam se espelhar na integridade moral de Eliseu para servirem de exemplo para o rebanho. Deveriam ter vida “irrepreensível”. Porém, fazem moucos seus ouvidos à advertência do apóstolo:

“Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão” (1 Tm 6.11).

A fé necessária para ser salvo vem da palavra de Deus !

Queridos irmãos ,

quantas vezes ouvimos os nossos pastores pregarem a palavra e ao invés de nos alimentar a alma, nos entristece e nos faz sofrer ainda mais?
Quantas promessas os pastores fizeram que não foram cumpridas?
Quantas bençãos eles nos prometeram até uma determinada data e nada aconteceu?

Por isso é tão importante lermos a Bíblia e nos alimentarmos da Palavra de Deus, pois o alimento nem sempre vem através de um pastor ou pregador da Palavra. Ao invés de esperarmos o alimento, devemos buscá-lo, pois corremos o risco de morrermos de fome espiritualmente.

Vamos entender que o Senhor não nos prometeu uma vida fácil,mas que estaria conosco em meio às tempestades.
JESUS também não cobrou para abençoar , Jesus não deu ênfase ao dinheiro, mas sim
à FÉ. A Todos quantos foram curados, libertos e abençoados , Jesus dizia:
"grande é a tua fé"

O preço pela nossa salvação foi PAGO COM O SANGUE DE JESUS, NÃO HÁ
NADA A PAGAR, NEM SACRIFÍCIOS A FAZER, POIS SE EU QUERO FAZER
SACRIFÍCIO, ENTÃO O SACRIFÍCIO DE CRISTO NÃO VALEU, MAS COMO
O SACRIFÍCIO DE CRISTO FOI PERFEITO , PORQUE ELE NÃO TINHA PECADO,
ENTÃO EU POSSO CONFIAR NA SALVAÇÃO ATRAVÉS DO SANGUE DELE!

Ap 22:17 "E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem.
E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida"

Ap 21:6 "E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida"

Mt 10:8 "Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos,
expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai"


Lucas 18:42 "E Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te salvou" (Veja: A fé salvou,
não foi a oferta que salvou, nem o voto, nem o carnê da campanha pago !)

Marcos 10:52 "E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou.
E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho."

João 16:33 "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz;no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo."
Este cristianismo biblico não tem sido praticado por nós:

Tiago 1:27 "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta:
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo."


Qual o lugar de adoração?
Resposta: No seu quarto, na sua sala, até mesmo na igreja, mas o templo em si
não é necessariamente um lugar de adoração único e exclusivo.


Atos 17:24 "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra,não habita em templos feitos por mãos de homens;"

DÍZIMO:

Para que era cobrado o dízimo ? QUAL A FINALIDADE DO DÍZIMO?
COMPRAR BENS MATERIAIS? ENCHER DE RIQUEZAS O SACERDOTE?
NÃO !

Deuteronomio 26:12 "Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro,que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva,para que comam dentro das tuas portas, e se fartem;"

O objetivo do dízimo era suprir os levitas , estrangeiros, órfãos e viúvas que não tinham como se manter, que não tinham como trabalhar, para que não morressem de fome.

Deus mandou construir o templo de salomão? Nâo
Davi pediu a Deus para construir, mas o Senhor disse que NÃO, porém o Senhor autorizou a Salomão fazê-lo, mas houve uma profecia que ele seria destruído e se cumpriu, pois o templo é de pedra, por isso foi destruído, mas o Reino de Deus não é o templo! A igreja do Senhor não é de pedra!

I Coríntios 7:23 "Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens."

Só Jesus é perfeito, santo e o nosso salvador! Não podemos confiar em homens,
nem deixar que eles nos façam seus servos com o pretexto de serem autoridades
sobre nossas vidas, pois a única autoridade sobre nós é o Senhor Jesus Cristo!
Os homens são falhos e muitos, mas MUITOS usam o nome de Cristo para obterem
lucro , vantagem pessoal e enganarem as pessoas. Eles desviam as ovelhinhas de Cristo, pois não tem compaixão pelo rebanho do Senhor.

Peço a você que leia com carinho o texto de EZEQUIEL CAPÍTULO 34 ALI O SENHOR FALA SEVERAMENTE SOBRE OS PASTORES E DÁ UMA PALAVRA
DE CONFORTO PARA SUAS OVELHAS FERIDAS E MACHUCADAS, OVELHAS PERDIDAS.


Que o Senhor te abençoe e derrame muita paz no seu coração
e forteleça a cada dia sua fé, pois vc é amado do Pai, precioso do Senhor!
Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ

EMPATIA pelas vítimas das enchentes.

Estamos vendo estarrecidos as tragédias que deram inauguraram o novo ano, na região serrana do Rio de Janeiro, no Interior de São Paulo e na capital também, no Sul de Minas e Uberlância, além de outras regiões também.

Tenho lido e visto em vários blogs que acompanho, textos de irmãos tratando deste assunto por vários aspectos. 

Muito já se tem falado, muitas questões levantadas, muita palavra de consolo, em textos com teor teológico, político, etc.

No fundo, todos concordam com uma coisa: O drama que atingiu de cheio milhares de pessoas. As perdas irreparáveis de vidas, de famílias inteiras ou perte delas. Crianças de todas as idades, idósos, jóvens, mulheres, homens. Pais, mães, filhos, netos, avós, tios e tias. A lista não tem fim. Até agora, só no Rio já somam mais de 500 pessoas. Esta, já é tida como a maior tragédia natural no Brasil.

Sem dúvida nenhuma é muito difícil ouvir, ver, ler e escrever sobre o assunto, sem chorar.

Mas resolvi escrever um pouco sobre este drama. Mas, minha idéia, é focar um aspecto que me vêm chama a atenção, que é sobre o aspecto do que sentimos em relação às vítimas.

Temos tantos apelos pela televisão, internet, twitter, etc. sobre ajuda às vítimas, que me faz pensar sobre: O que nos move a ajudar, a doar, e mesmo chorar? 
Daí me veio à mente a palavra, "empatia". Você sabe o que é "empatia"?

Bem, fui ao dicionário pesquisar, e lá está que: Empatia é a experiência pela qual uma pessoa se identifica com outra, tendendo a compreender o que ela pensa e a sentir o que ela sente, ainda que nenhum dos dois o expressem de modo explícito ou objetivo.

Inevitávelmente meus queridos, minha mente foi à Palavra de Deus. Lembrei do que o Apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 9:22, e lá está um exemplo de como sentir empatia - "Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns." 

Mas isso não acalmou minha mente, pois o dicionário fala em expressar o sentimento de forma explícita ou objetiva. E mesmo quando ouvimos e vemos o sofrimento de todas essas pessoas, e choramos, e nos motivamos a doar e contribuir, nenhum de nós ainda sabe exatamente o que essas pessoas estão sentindo lá no fundo dos seus corações e mentes. Podemos, no máximo, imaginar o grau de sofrimento.

Então pensei, pode alguém exercer "empatia" no mais alto grau? Na verdadeira expressão? Sem ser teórico?
Sim pode, e existiu alguém assim!

Só o Senhor Jesus Cristo exerceu a mais pura e verdadeira "empatia", não por uma, mas por toda a humanidade. Somente o Senhor Jesus Cristo experimentou o que é ser outra pessoa, com todas as suas necessidades, sentimentos, sofrimentos, alegrias, amarguras, etc.

Pois somente Ele fez-Se algo que não era. Vistiu-se de humanidade deixando para trás toda a Sua glória, a fim de ser e sofrer no lugar da humanidade como expressão do verdadeiro amor.

Existe uma canção antiga, que dizia assim:

Jesus deixou, o esplendor da glória,
Sabendo que Ele iria morrer.
Lá na cruz por nossos pecados,
Dando a vida, por mim, pecador.

Se não é amor, então o céu não é azul.
os passarinhos não cantam, 
e as estrelas não brilham.

Se não é amor, então o mar está vazio
E eu não ía sentir, assim.
Se não é amor,
Se não é amor.

Ele, somente Ele, sabe realmente o que é ser, sentir, sofrer, e vivenciar o que somos. Somente Ele, pode saber exatamente o que as vítimas das enchentes estão sofrendo e passando. Somente Ele sabe e viveu a verdadeira expressão da palavra "empatia". 

Somente Ele o Se deu por AMOR.

Encerro esta reflexão com o texto de Filipenses2:5-8 - "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz."
Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ

sábado, 22 de janeiro de 2011

Porta estreita... caminho apertado (E não há outra opção)


Por Pr Cefas Cesar

Existe uma porta estreita. Não há um único cristão que negue isso. Qualquer um, por mais "perdido" que esteja, conhecendo a doutrina (ainda que não creia em doutrina) tem essa informação... ainda que não entenda o que isso quer dizer... ele sabe... para entrar, precisa passar pela porta... e ela é estreita.

Mas e o caminho que conduz até essa porta?

Aparentemente, parece que Jesus está contrariando a própria Palavra, pois afinal, não disse o salmista e rei Davi: "o caminho de Deus é perfeito...", não apenas uma, mas duas vezes? (Sl 18.30, 2 Sm 22.31)

Ahã! sabia seu legalista... você já estava querendo aplicar doutrina puritana para cima de nós!

Não... isso não é necessário. Cada um recebe do Senhor justa medida.

Mas também, claramente, o mesmo rei e homem segundo o coração de Deus escreveu: "Deus é a minha fortaleza e a minha força e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho." (2 Sm 22.33)

Jesus não está dizendo que o caminho é imperfeito. Ele está dizendo que o caminho é apertado. Mas conforme tudo aquilo que foi preparado por Deus desde os tempos que não se podem contar... é perfeito.

Acontece que como todas as coisas que homem tem dificuldade para se ajustar, o caminho preparado por Deus também parece imperfeito aos olhos do homem. Assim, o caminho de Deus perfeito - ao homem - é espaçoso, pavimentado e na descendente.

Acontece que aquilo que Deus considera perfeito, obviamente, não é o que consideramos nem mesmo bom. Nosso padrão de perfeição, tão defeituoso e cheio de preconceitos desde sua origem é mais facilmente assimilado, afinal, nós mesmos o idealizamos e construímos.

Assim, o caminho proposto por Cristo torna-se inadequado... mantemos a porta onde ela está, afinal, ela está no final do caminho, mas quanto ao caminho em si... não... eu não posso deixar toda essa vida passar privando-me de, uma vez ou outra, girar sobre o meu próprio eixo... e me parece, daqui de onde vejo, que nesse caminho mal dá para se mexer.

O caminho precisa ser suficientemente largo para que eu, durante minha vida de pecador, possa usufruir dos prazeres do pecado e dos benefícios da Graça... aí sim... esse caminho será perfeito. Aí sim eu serei livre.

Isso porque o entendimento de liberdade do homem não parte da perspectiva de Deus, mas da perspectiva do próprio homem.

Se realmente entendêssemos a assertiva do apóstolo Paulo: "onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2 Co 3.17) compreenderíamos que a liberdade que gozamos como escravos da justiça, com acesso direto ao santíssimo pela destruíção do véu, não nos dá nenhum prazer em virar para esquerda ou direita... não nos importaríamos de caminhar no tão apertado caminho... pois nosso alimento, nossa vontade, nossa vida... seria fazer a Sua vontade.

Lamento primeiramente por mim... que acho tão difícil caminhar nesse caminho. Mas agradeço ao Senhor, por cada vez que ele me reconduz... procurando encontrar, no final deste tão lindo caminho, a igualmente bela e estreita porta.


***
Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ RN

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O que nos motiva a obedecer a Deus?

Tenho meditado nas últimas quatro semanas sobre a igreja de Atos, mais precisamente, a igreja dos primeiros seis anos, até o início da perseguição em Atos 8:1. Isso porque, desde meu último sermão postado aqui, "Um Chamado para Além dos Limites", tenho tido que justificar, biblicamente, algumas coisas que disse em relação à igreja de Atos ou a primeira igreja.

A questão levantada refere-se a minha afirmação de que: "a primeira igreja errou ao desviar-se do propósito do Senhor da Igreja que é Jesus Cristo", e
que, como consequência, a perseguição veio para que ela finalmente, cumprisse seu comissionamento de pregar o Evangelho para além dos muros de Jerusalém. 

Duas questões foram levantadas: Em Atos 1:8, não existe (ao menos no português) o imperativo "sejam minhas testemunhas". Portanto, não havia uma ordem a ser cumprida. 
Em segundo lugar, a culpabilidade como causa da perseguição. Esta "culpa" não está explicita no texto bíblico.

Percebam que a preocupação dos meus questionadores é legítima, visto que o texto bíblico não traz explicitadas tais afirmações, portanto, eu teria errado em mencionar o que não está no texto. Eu teria apenas dado como certo o que se baseia em minha pressuposição. Esse era o papel dos bereanos. E louvo a Deus por eles hoje.

Graças a tudo isso, eu tenho pesquisado estas passagens mais a fundo com o auxílio de bons comentários, livros de bons autores e ainda, conversando com pastores com muito mais vivência e conhecimento do que eu. Aliás, aconselho a todos que sobem nos púlpitos, que gastem muito tempo nos estudos, antes de pregarem seus sermões. Não que eu não tenha feito isso! Mas cheguei à conclusão de que um pastor, se deseja ser fiel à Palavra de Deus, não pode pregar todos os domingos seguidamente, a não ser que ele se dedique só ao estudo das Escrituras. Cuidado!

Em minhas pesquisas e conversas, cheguei a duas conclusões.

A primeira, sobre a conclusão que a perseguição foi o resultado da acomodação da primeira igreja, visto que lá não está explicito tal fato! Sabendo que Deus tem o controle sobre todas as coisas, e que Ele é o Senhor da Igreja, e que a Sua vontade é que o Evangelho do Reino seja pregado em todas as nações, então a perseguição que veio sobre a igreja de Atos, estava nos propósitos de Deus.

Ela não veio por ordem do diabo, nem pelo "livre arbítrio" humano, ainda que, motivados por seu pecado e  livre ação! Mas, tão somente, pela vontade soberana de Deus. Somente assim a Sua Palavra seria pregada em toda a Judéia e Samaria e alcançaria os confins da terra. 

Quando o Senhor Jesus avisou a Seus discípulos de que eles também seriam perseguidos e mortos, assim como Ele mesmo o foi, Ele estava afirmando que essa perseguição faz parte dos propósitos de Deus. Temos visto na história da Igreja, que os resultados das perseguições, traz crescimento, fortalecimento e a expansão do Reino de Deus.

Sobre a questão levantada quanto à existência do imperativo, da ordem de serem testemunhas em Atos 1:8, para mim ainda é claro, pois a ordem já havia sido dada pelo Senhor na Grande Comissão, e Lucas apenas estava reportando tudo o que o Senhor Jesus havia feito e falado anteriormente.

No entanto, se nos detivermos tão somente neste versículo de Atos e nos esquecermos do contexto maior (a ordem dada na Grande Comissão), mesmo que o verbo não esteja no “imperativo”, veremos que o “sereis minhas testemunhas” está no “futuro do presente”. Portanto, quando o Senhor Jesus diz a eles que serão Suas testemunhas, é tido como certo. É consequência natural, é fato consumado. Não é uma condicional, visto que, o que seria necessário para testemunharem com ousadia lhes seria dado de fato.

Para o Senhor Jesus, o "ser" testemunha, está intimamente ligado ao cumprimento de Sua promessa feita antes de Sua morte, que era a vinda do Consolador, do Espírito Santo. A força, o "dunamis" indispensável para o trabalho no Reino de Deus.

A segunda conclusão que cheguei, e isso ficou muito claro em conversa com pastores e pesquisas, é que toda essa questão da "causa" da perseguição, é periférica. Portanto, não haveria razão para a discórdia.

Resta então, e tão somente, fazermos o seguinte questionamento: "O que motivou a primeira igreja a testemunhar em Jerusalém e fora dela? O Poder que lhes tinha sido dado ao cumprir-se a promessa de Jesus em enviar o Espírito Santo? Ou a Perseguição?"

Então meus irmãos, o que nos motiva a obedecer a Deus?
- O Seu amor por nós?
- O Seu perdão pelos nossos pecados?
- A Sua misericórdia?
- A Sua mão sobre nós?
- As provações?
- As dificuldades da vida?

Acho que vale a pena refletirmos sobre isso.

Peço perdão ao Senhor e aos irmãos por falar baseado em minhas motivações, por tentar enxergar o que não é claro e por dizer o que não me foi autorizado a dizer.

Ainda assim, vejo uma igreja acomodada, envolta em seus sistemas e métodos humanos, e desalinhada com a simplicidade do Evangelho. Todos nós carecemos de  retornar à Sã Doutrina e à obediência.

Um forte abraço a todos.
Pr.Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ

Universidade Mackenzie: Em Defesa da Liberdade de Expressão Religiosa

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.
Pr Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ

Desventurado Homem que Sou!

Por: Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ

No sétimo capítulo da carta aos Romanos, o apóstolo Paulo se referiu a dois assuntos: primeiramente, ele mostrou qual é a relação do crente para com a lei de Deus – judicialmente, o crente está emancipado da maldição e da penalidade da lei (vv. 1-6); moralmente, o crente está sob laços de obediência à lei (vv. 22, 25). Em segundo, Paulo nos protegeu da falsa inferência que poderia ser deduzida daquilo que ele havia ensinado no capítulo 6.

No capítulo 6, versículos 1 a 11, Paulo havia apresentado a união do crente com Cristo, retratando o crente como alguém “morto para o pecado” (vv. 2, 7, etc.). Em seguida, do versículo 11 em diante, ele mostrou o efeito que essa verdade deve ter sobre o viver do crente. No capítulo 7, o apóstolo Paulo seguiu a mesma ordem de pensamento. Em Romanos 7.1-6, ele falou sobre a identificação do crente com Cristo, apresentado-o como “morto para a lei” (vv. 4 a 6). Em seguida, do versículo 7 em diante, Paulo descreveu as experiências do crente. Assim, nos capítulos 6 e 7 de Romanos, na primeira metade de ambos, Paulo aborda a posição do crente, enquanto na segunda metade de ambos os capítulos ele fala sobre o estado do crente, mas com a seguinte diferença: a segunda metade de Romanos 6 revela qual deve ser o nosso estado, enquanto a segunda metade do capítulo 7 (vv. 13-25) mostra qual é, na realidade, o nosso estado.

A presente controvérsia suscitada sobre Romanos 7 é amplamente um fruto do perfeccionismo de John Wesley e seus seguidores. O fato de que esses irmãos, dos quais temos motivo para reverenciar, adotaram este erro de forma modificada apenas nos mostra quão abrangente em nossos dias é o espírito do laodiceísmo. A segunda metade de Romanos 7 descreve o conflito das duas naturezas que o crente possui; simplesmente apresenta em detalhes o que está sumariado em Gálatas 5.17. As afirmações de Romanos 7. 14,15,18,19 e 21 são verdadeiras a respeito de todos os crentes que vivem nesse mundo. Todo crente fica aquém, muito aquém do padrão colocado diante dele; estamos nos referindo ao padrão de Deus, e não ao padrão dos ensinadores da suposta “vida vitoriosa”. Se qual- quer leitor crente disser que Romanos 7 não descreve a sua vida, afirmamos com toda a bondade que ele se encontra terrivelmente enganado. Não estamos dizendo que todo crente quebra a lei dos homens ou que ele é um ousado transgressor da lei de Deus. Estamos afirmando que a vida de todo crente está muito aquém do nível de vida que nosso Senhor vivenciou, quando esteve neste mundo. Estamos dizendo que muito da “carne” ainda se evidencia em todo crente, inclusive naqueles que se vangloriam, em voz alta, de suas conquistas espirituais. Estamos dizendo que todo crente tem necessidade urgente de orar suplicando perdão por seus pecados diários (Lc 11.4), pois “todos tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2).

Nos próximos parágrafos, consideraremos os dois últimos versículos de Romanos 7, que dizem: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado” (vv. 24-25).

Essa é a linguagem de uma alma regenerada e resume o conteúdo dos versículos imediatamente anteriores. O homem incrédulo é realmente desventurado, mas ele não conhece a “desventurança” que evoca a lamentação expressada nessa passagem. Todo o contexto se dedica a descrever o conflito entre as duas naturezas do filho de Deus. “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (v. 22) – isso é verdade apenas sobre a pessoa nascida de novo. Todavia, aquele que tem prazer na lei de Deus encontra, em seus “membros, outra lei”. Isso não pode estar limitado aos membros do corpo físico, mas tem de ser entendido como algo que inclui todas as várias partes de sua personalidade carnal – a memória, a imaginação, a vontade, o coração, etc.

Essa “outra lei”, disse o apóstolo, guerreava contra a lei de sua mente (a nova natureza); e não somente isso, ela também o fazia “prisioneiro da lei do pecado” (v. 23). Ele não definiu em que extensão se expressava essa servidão. Mas ele estava em servidão à lei do pecado, assim como todo crente também o está. A vagueação da mente, na hora de ler a Palavra de Deus, os maus pensamentos que brotam do coração (Mc 7.21), quando estamos envolvidos na oração, as más figuras que, às vezes, aparecem quando estamos em estado de sonolência – citando apenas alguns – são exemplos de ha- vermos sido feitos prisioneiros “da lei do pecado”. “Se o princípio mau de nossa natureza prevalece, a ponto de despertar em nós apenas um pensamento mau, ele nos tomou como cativos. Visto que ele nos conquistou, estamos vencidos e feitos prisioneiros” (Robert Haldane).

O reconhecimento dessa guerra em seu íntimo e o fato de que se tornou cativo ao pecado levam o crente a exclamar: “Desventurado homem que sou!” Esse é um clamor produzido por uma profunda compreensão da habitação do pecado. É a confissão de alguém que reconhece não haver bem algum em seu homem natural. É o lamento melancólico de alguém que descobriu algo a respeito da horrível profundeza de iniqüidade que existe em seu próprio coração. É o gemido de uma pessoa iluminada por Deus, uma pessoa que odeia a si mesma – ou seja, o homem natural – e anela por libertação.

Esse gemido – “Desventurado homem que sou!” – expressa a experiência normal do crente; e qualquer crente que não geme dessa maneira está em um estado de anormalidade e falta de saúde espiritual. O homem que não profere diariamente esse clamor se encontra tão ausente da comunhão com Cristo, ou tão ignorante dos ensinos das Escrituras, ou tão enganado a respeito de sua condição atual, que não conhece as corrupções de seu coração e a desprezível imperfeição de sua própria vida.

Aquele que se curva diante do solene e perscrutador ensino da Palavra de Deus, aquele que nela aprende a terrível ruína que o pecado tem realizado na constituição do ser humano, aquele que percebe o padrão elevado que Deus nos tem proposto não falhará em descobrir que é um ser maligno e vil. Se ele se esforça para perceber o quanto tem falhado em alcançar o padrão de Deus; se, na luz do santuário divino, ele descobre quão pouco se parece com o Cristo de Deus, então, reconhecerá que essa linguagem de Romanos 7 é muito apropriada para descrever sua tristeza espiritual. Se Deus lhe revela a frieza de seu amor, o orgulho de seu coração, as vagueações de sua mente, o mal que contamina suas atitudes piedosas, o crente haverá de clamar: “Desventurado homem que sou!” Se o crente estiver consciente de sua ingratidão e de quão pouco ele tem apreciado as misericórdias diárias de Deus; se o crente percebe a ausência daquele fervor profundo e genuíno que tem de caracterizar seus louvores e sua adoração Àquele que é “glorificado em santidade” (Êx 15.11); se o crente reconhece o espírito pecaminoso de rebeldia que, com freqüência, o faz murmurar ou irrita-o contra as realizações dEle em sua vida cotidiana; se o crente admite que está ciente não apenas de seus pecados de comissão, mas também daqueles de omissão, dos quais ele é culpado todos os dias, ele realmente clamará: “Desventurado homem que sou!”

Esse clamor não será proferido apenas por aquele crente que se acha afastado do Senhor. Aquele que está em comunhão verdadeira com o Senhor Jesus também emitirá esse gemi- do, todos os dias e todas as horas. Sim, quanto mais o crente se achega a Cristo, tanto mais ele descobrirá as corrupções de sua velha natureza, e tanto mais ardentemente desejará ser liberto de tal natureza. É somente quando a luz do sol inunda um cômodo que a poeira e a sujeira são completamente revelados. Quando estamos realmente na presença dAquele que é luz, ficamos conscientes da impureza e impiedade que habita em nós e contamina cada parte de nosso ser. E essa descoberta nos levará a clamar: “Desventurado homem que sou!”

“Mas”, talvez alguns perguntem, “a comunhão com Cristo não produz regozijo, ao invés de gemidos?” Respondemos que a comunhão com Cristo produz ambas as coisas. Isso aconteceu com Paulo. Em Romanos 7.22, ele afirmou: “Tenho prazer na lei de Deus”. Logo em seguida, porém, ele clamou: “Desventurado homem que sou!” Outras passagens também nos mostram isso. Em 2 Coríntios 6, Paulo disse: “Entristecidos, mas sempre alegres” (v. 10) – entristecido por causa de suas falhas, por causa de seus pecados diários; alegre por causa da graça que ainda permanecia com ele e por causa da bendita provisão que Deus fizera até para os pecados de seus santos. Também em Romanos 8, depois de haver declarado: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (v. 1); “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (vv. 16-17), o apóstolo Paulo acrescentou: “Também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente geme- mos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (v. 23). O ensino do apóstolo Pedro é semelhante ao de Paulo – “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações” (1 Pe 1.6). Tristeza e gemido não se encontram ausentes no mais elevado nível de espiritualidade.

Nestes dias de complacência e orgulho laodicense, existe considerável parola e muita exaltação a res- peito da comunhão com Cristo; porém, quão pouca manifestação dessa comunhão nós contemplamos! Onde não existe qualquer senso de completa indignidade; onde não existe qualquer lamentação pela depravação total de nossa natureza; onde não existe qualquer entristecimento por nossa falta de conformidade com Cristo; onde não existe qualquer gemido por havermos sido feitos “prisioneiros” do pecado; em resumo, onde não existe o clamor: “Desventurado homem que sou!”, deve haver um grande temor de que ali não existe, de maneira alguma, comunhão com Cristo.

Quando estava andando com o Senhor, Abraão exclamou: “Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18.27). Estando face a face com Deus, Jó declarou: “Por isso, me abomino” (Jó 42.6). Ao entrar na presença de Deus, Isaías clamou: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Is 6.5). Quando teve aquela maravilhosa visão de Cristo, Daniel confessou: “Não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma” (Dn 10.8). Em uma das últimas epístolas do apóstolo dos gentios, lemos: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1.15). Essas declarações não procederam de pessoas não-regeneradas, e sim dos lábios de santos de Deus. Elas não foram confissões de crentes relaxados; pelo contrário, elas foram proferidas pelos mais eminentes membros do povo de Deus. Em nossos dias, onde encontramos crentes que podem ser colocados lado a lado com Abraão, Jó, Isaías, Daniel e Paulo? Onde, realmente?! Mas eles foram homens que estavam conscientes de sua vileza e indignidade!

“Desventurado homem que sou!” Essa é a linguagem de uma alma nascida de novo; é a confissão de um crente normal (não-iludido, não-enganado). A essência dessa afirmativa pode ser encontrada não somente nas declarações dos santos do Antigo e do Novo Testamento, mas também nos escritos de muitos dos eminentes servos de Cristo que viveram nos últimos séculos. As afirmações e o testemunho pronunciado pelos eminentes santos do passado eram muito diferentes da ignorância e da arrogante jactância dos laodicences modernos! É um refrigério volver-nos das biografias de nossos dias para aquelas biografias escritas há muito tempo. Medite nos trechos de biografias que apresentamos em seguida.

Bradford, que foi martirizado no reinado de Maria, a sanguinária, em uma carta dirigida a um amigo que estava em outra prisão, subscreveu-se com as seguintes palavras: “O pecaminoso John Bradford, um hipócrita notável, o pecador mais miserável, de coração endurecido e ingrato – John Bradford” (1555).

O piedoso Samuel Rutherford escreveu: “Este corpo de pecado e de corrupção torna amargo e envenena nosso regozijo. Oh! Se eu estivesse onde nunca mais pecarei!” (1650).

O bispo Berkeley disse: “Não posso orar, mas cometo pecados. Não posso pregar, mas cometo pecados. Não posso ministrar, nem receber a Ceia do Senhor, mas cometo pecados. Preciso arrepender-me de meu próprio arrependimento; e as lágrimas que derramei necessitam da lavagem do sangue de Cristo” (1670).

Jonathan Edwards, em sua obra A Vida de David Brainerd (o primeiro missionário entre os índios, cuja devoção a Cristo foi testemunhada por todos os que o conheciam), afirmou a respeito de Brainerd: “Sua iluminação, suas afeições e seu conforto espiritual parecem ter sido, em grande medida, acompanhadas por humildade evangélica; consistiam em um senso de sua completa insuficiência, de sua vileza e de sua própria abominação; com uma disposição correspondente e uma propensão do coração. Quão profundamente Brainerd foi afetado quase continuamente por seus grandes defeitos na vida cristã; por sua ampla distância daquela espiritualidade e daquela disposição mental que convém a um filho de Deus; por sua ignorância, seu orgulho, sua apatia e sua esterilidade! Ele não foi somente afetado pela recordação dos pecados cometidos antes de sua conversão, mas também pelo sentimento de sua presente vileza e corrupção. Brainerd não se mostrava apenas disposto a considerar os outros crentes melhores do que ele mesmo e a olhar para si mesmo como o pior e o menor de todos os crentes, mas também, com muita freqüência, a ver a si mesmo como o mais vil e o pior de todos os homens”.

O próprio Jonathan Edwards, que entre muitos foi mais honrado por Deus (quer em suas realizações espirituais, quer na extensão em que Deus o usou para abençoar outros), escreveu nos últimos dias de sua vida: “Quando olho para meu coração e vejo a sua impiedade, ele parece um abismo infinitamente mais profundo do que o inferno. E parece-me que, se não fosse a graça de Deus, exaltada e elevada à infinita sublimidade de toda a plenitude e glória do grande Jeová, eu deveria comparecer, mergulhado em meus pecados, nas profundezas do próprio inferno, muito distante da contemplação de todas as coisas, exceto do olhar da graça soberana, que pode destruir tal profundeza. É comovente pensar o quanto eu ignorava, quando era um crente novo (infelizmente, muitos crentes velhos ainda o ignoram – A. W. Pink), a profunda impiedade, orgulho, hipocrisia e engano deixados em meu coração” (1743).

Augustus Toplady, autor do hino “Rocha Eterna”, escreveu as seguintes palavras em seu diário no dia 31 de dezembro de 1767: “Ao fazer uma retrospectiva deste ano, desejo confessar que minha infidelidade tem sido excessivamente grande, e meus pecados, ainda maiores. Todavia, as misericórdias de Deus têm sido maiores do que ambos”. E mais: “Minhas falhas, meus pecados, minha incredulidade e minha falta de amor me afundariam no mais profundo do inferno, se Jesus não fosse minha justiça e meu Redentor”.

Observem estas palavras de uma piedosa mulher, a esposa do eminente missionário Adoniran Judson: “Oh! Como eu me regozijo porque estou fora do redemoinho! Sou gaiata e fútil demais, para ser a esposa de um missionário! Talvez a gaiatice seja o meu mais leve pecado. Não são os atrativos do mundo que me tornam um simples bebê na causa de Cristo; pelo contrário, é a minha frieza de coração, a minha insignificância, a minha falta de fé, a minha ineficiência e inércia espiritual, por amor do meu próprio ‘eu’, e a minha pecaminosidade abundante e inerente de minha natureza”.

John Newton, o escritor do bendito hino “Graça Admirável” (que afirma: “Graça admirável, quão doce é o som que salvou um ímpio como eu; estava perdido, mas fui achado; era cego, agora vejo”), quando se referia às expectativas que ele nutria no final de sua vida cristã, escreveu o seguinte: “Infelizmente, essas minhas preciosas expectativas se tornaram como sonhos dos mares do Sul. Vivi neste mundo como um pecador e creio que assim morrerei. Eu ganhei alguma coisa? Sim, ganhei aquilo com o que antes eu preferia não viver! Essas provas acumuladas do engano e da terrível impiedade do meu coração me ensinaram, pela bênção do Senhor, a compreender o que significa dizer: vejam, eu sou um homem vil… Eu me envergonhava de mim mesmo, quando comecei a procurar a bênção do Senhor; agora, eu me envergonho mais ainda”.

James Ingliss (editor de “Marcos no Deserto”), no final de sua vida, escreveu: “Visto que fui trazido a uma nova opinião sobre o fim, a minha vida parece ser constituída de tantas oportunidades desperdiçadas e de tanta escassez de resultados, que às vezes isso é muito doloroso. A graça, porém, se apresenta para satisfazer todas essas deficiências; e o Senhor Jesus também será glorificado em minha humilhação” (1872). J. H. Brookers, o biógrafo de James Ingliss, observou sobre essas palavras: “Quão semelhante a Cristo e quão diferente daqueles que estão se gloriando em suas supostas realizações!”

Apresentamos mais uma citação, proveniente de um sermão de Charles H. Spurgeon. O Príncipe dos Pregadores disse: “Existem alguns crentes professos que falam sobre si mesmos em termos de admiração. Todavia, em meu íntimo, detesto mais e mais esses discursos, a cada dia que eu vivo. Aqueles que falam dessa maneira arrogante devem possuir uma natureza muito diferente da minha. Enquanto eles estão congratulando a si mesmos, tenho de me prostrar aos pés da cruz de Cristo e admirar-me de que estou salvo, pois sei que fui salvo. Tenho de admirar-me de não crer mais pro- fundamente em Cristo e de que sou privilegiado por crer nEle. Tenho de admirar-me de não amá-Lo mais profundamente, mas igualmente devo admirar-me até de que O amo de alguma maneira. Devo admirar-me de não possuir mais santidade e admirar-me, igualmente, de que eu tenho algum desejo de ser santo, levando em conta quão corrompida, degenerada e depravada natureza eu ainda encontro em minha alma, apesar de tudo o que a graça de Deus tem feito em mim. Se Deus permitisse que as fontes do grande abismo da depravação se rompessem nos melhores homens que vivem neste mundo, eles se tornariam demônios tão maus como o próprio diabo. Não me importo com o que dizem esses van- gloriosos a respeito de suas próprias perfeições. Estou certo de que eles não conhecem a si mesmos; se conhecessem, não falariam como freqüentemente o fazem. Mesmo no crente que está mais próximo do céu existe combustível suficiente para acender outro inferno, se Deus tão-somente permitisse que uma chama caísse sobre ele. Alguns crentes parecem que nunca descobrem isto. Eu quase desejo que eles nunca o descubram, pois esta é uma descoberta dolorosa para qualquer um fazer; mas ela tem o efeito benéfico de fazer que paremos de confiar em nós mesmos e de nos levar a nos gloriarmos somente no Senhor”.

Poderíamos apresentar outros testemunhos dos lábios e dos escritos de homens igualmente piedosos e eminentes, porém citamos o suficiente para mostrar que os santos de todas as épocas tinham motivo para fazerem suas essas palavras do apóstolo Paulo: “Desventurado homem que sou!” Faremos mais algumas poucas observações sobre essas palavras finais de Romanos 7.

“Quem me livrará do corpo desta morte?” “Quem me livrará?” Esta não é uma linguagem de desespero, e sim de um desejo ardente de ajuda de fora e do alto. Aquilo do que o apóstolo desejava ser livre é chamado de “o corpo desta morte”. Esta é uma expressão figurada, pois a natureza carnal é chamada de “o corpo do pecado” e vista como algo que tem “membros” (Rm 7.23). Portanto, entendemos que as palavras do apóstolo significam: “Quem me livrará desse fardo mortal e pernicioso – meu eu pecaminoso?!”

No versículo seguinte, o apóstolo responde essa pergunta: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 7.25). Deve ser óbvio para qualquer mente imparcial que isso aponta para o futuro. Paulo havia perguntado: “Quem me livrará?” A sua resposta foi: Jesus Cristo me livrará. Isso expõe o erro daqueles que ensinam uma libertação presente da natureza carnal, por intermédio do poder do Espírito Santo. Em sua resposta, o apóstolo não falou nada sobre o Espírito Santo; ao invés disso, ele mencionou apenas “Jesus Cristo, nosso Senhor”. Não é por meio da obra presente do Espírito Santo em nós que os crentes serão libertados “do corpo desta morte”, e sim por meio da vinda futura do Senhor Jesus Cristo para nós. Naquele tempo, esse corpo mortal será revestido de imortalidade, e a nossa corrupção, de incorrupção.

Como se estivesse pensando em remover toda dúvida a respeito de que essa libertação ocorrerá no futuro, o apóstolo concluiu dizendo: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”. O leitor deve observar cuidadosamente que Paulo havia agradecido a Deus pelo fato de que ele seria libertado. A última parte do versículo 25 resume o que ele havia dito na segunda parte de Romanos 7; descreve a vida dupla do crente. A nova natureza serve a lei de Deus; a velha natureza, até ao final da História, servirá à “lei do pecado”. Que isso aconteceu com o apóstolo Paulo é evidente das palavras que ele escreveu no final de sua vida, quando chamou a si mesmo de “o principal” dos pecadores (1 Tm 1.15). Essa afirmativa não era um exagero de fervor evangelístico, nem mesmo um motejo de modesta hipocrisia. Era uma convicção segura, uma experiência vivenciada, uma conscientização firme de alguém que viu com amplitude as profundezas da corrupção que havia em seu próprio íntimo e que sabia o quanto ficava aquém de atingir o padrão de santidade que Deus havia colocado diante dele. Essa também é a convicção e a confissão de todo crente que não se encontra cativo ao preconceito. E o resultado dessa convicção fará o crente desejar mais intensamente o livramento e agradecer a Deus com mais fervor pela promessa do livramento, na vinda de nosso Senhor, “o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” (Fp 3.20). E, havendo feito isso, o Senhor Jesus nos apresentará, “com exultação, imaculados diante da sua glória” (Jd 24). Aleluia! Que grande Salvador!

É admirável que somente mais uma vez a palavra “desventurado” é utilizada no Novo Testamento (no texto grego). Essa outra ocorrência está em Apocalipse 3.17, onde Cristo disse à igreja de Laodicéia: “Nem sabes que tu és infeliz”. A arrogância dos membros dessa igreja era que eles não precisavam “de coisa alguma”. Eles estavam tão inchados com a soberba, tão satisfeitos com o que haviam atingido, que não tinham consciência de sua própria miséria. E não é isso mesmo que testemunhamos em nossos dias? Não é evidente que estamos vivendo no período laodiceiano da história da Igreja? Muitos estavam cônscios da “necessidade”, mas a- gora imaginam que receberam a “segunda bênção”, ou que obtiveram o “batismo do Espírito Santo”, ou que entraram na “vitória”. E, imaginando isso, pensam que sua necessidade foi satisfeita. E a prova disso é que eles vivem em uma atmosfera de tal superioridade espiritual, que nos dirão haverem saído de Romanos 7 e entrado na experiência de Romanos 8. Com desprezível complacência, eles nos dirão que Romanos 7 não descreve mais a experiência deles. Com presunçosa satisfação, eles olharão com piedade para o crente que clama: “Desventurado homem que sou!” e como o fariseu, no templo, agradecerão a Deus porque a situação deles é diferente. Pobres almas cegas! É exatamente o que o Filho de Deus afirma nessa passagem de Apocalipse: “Nem sabes que tu és infeliz”. Nós dissemos: “Almas cegas”, porque observamos que é para os crentes laodicenses que Jesus declara: “Aconselho-te que de mim compres… colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas” (Ap 3.19).

Devemos observar que na segunda parte de Romanos 7 o apóstolo Paulo fala no singular. Isso é admirável e bastante abençoador. O Espírito Santo desejava transmitir-nos a verdade de que mesmo as mais elevadas realizações na graça não isentam o crente da dolorosa experiência ali descrita. Com o pincel de um artista, o apóstolo retratou – utilizando a si mesmo como o objeto da pintura – a luta espiritual do filho de Deus. Ele ilustrou, por re- ferir-se à sua própria experiência, o conflito incessante que se realiza entre duas naturezas antagonistas naquele que nasceu de novo.

Que, em sua misericórdia, Deus nos liberte do espírito de orgulho que agora corrompe o ambiente do evangelicalismo moderno e nos conceda um humilde ponto de vista a respeito de nossa própria impureza; fazendo-o de tal modo que nos unamos ao apóstolo Paulo em clamar com um fervor cada vez mais profundo: “Desventurado homem que sou!” Sim, que Deus outorgue tanto ao autor dessas linhas quanto ao seu leitor uma tão grande percepção de sua própria depravação e indignidade, que eles realmente se prostrem no pó, diante de Deus, e O adorem por sua maravilhosa graça para com esses pecadores que merecem o inferno.

Líderes não são maiores do que a graça de Deus

"Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia".

Ah, se todos nós, que somos considerados líderes, tirássemos as nossas máscaras e vivêssemos o discipulado em sua forma simples e bíblica. Ah, se abríssemos mão de certos caprichos, vaidades, presunção, arrogância, orgulho, farisaísmo, ostentação e viéssemos para a planície. Quanto ganhariamos! E a igreja também! Não generalizo, mas uso a linguagem da inclusão ao pensar que muitos de nós estamos de fato incorrendo nessa gravíssima falha. Sei que o desenvolvimento pessoal é parte do nosso crescimento. Mas considerar tudo o que conquistamos como esterco (tem lá o seu valor) é um dos princípios da vida cristã. 

O que está em cena, aqui, não são as nossas conquistas em si mesmas, mas o pedestal, a glória humana, a fantasia, a hipocrisia, o aplauso e a consequente perda de referenciais. Achar que somos tudo, quando, na verdade, nada somos. Ou passar uma falsa humildade, que, no fundo, pretende que as pessoas olhem para nós e digam: "vocês são mesmo os tais!" Esse é o cerne. Quantas vezes pregamos e, ao final, nos sentimos frustrados, quando as pessoas não nos procuram para "elogiar" a nossa pregação! Quantas vezes chegamos de propósito atrasados ao culto para que a assistência nos olhe com admiração e, se não pode falar alto, pelo menos pense ou cochiche: "Está chegando o pregador!" Esse é o ponto. 

Infelizmente, trazemos para a nossa realidade da fé um pouco (ou muito?) da herança católica que faz o povo olhar para os seus líderes como infalíveis. Estes, por sua vez, vestimos a farda com muita facilidade. A partir disso, passamos a ser os reis da cocada preta (sem racismo, por favor. Pode ser branca também!). Até na forma de andar, gesticular ou fazer alguns trejeitos, expomos a aura da infalibilidade que tanto massageia o nosso ego. Não conseguimos ser simples, e, se tentamos aparentar simplicidade, fazemos de maneira tão afetada que logo transparece a prepotência. Como neste conhecido bordão: "Fulano é tão humilde que tem orgulho da sua humildade".

Só que a casa cai. Não há arrogância que dure para sempre. De tempos em tempos, para a nossa tristeza (e também aprendizado), surge uma nova notícia, dando conta do fracasso de um líder, que muitos o tinham como o grande referencial e o tratavam, não com o respeito que todos merecem, mas com idolatrada veneração. Podemos chegar a este ponto, quando perdemos os nossos limites. Quando achamos que não temos de prestar contas a ninguém. Quando nos colocamos no pedestal acima dos "simples mortais". Quando não nos reconhecemos como o principal dos pecadores, à semelhança de Paulo. Quando deixamos de olhar as "nossas justiças como trapos da imundícia". Quando achamos que somos maiores do que a graça de Deus. Quando o pecado torna-se apenas um detalhe que não nos importa em nosso dia a dia. Quando, por confiar em nossa autossuficiência, não buscamos ajuda em nossos momentos de fragilidade.

Creio que Deus permite a exposição de alguns dentre nós, trazendo à tona todos os apetrechos escondidos no seu coração, para que o povo perca essa visão "divinizada" da liderança, e nós, que somos tidos em tal condição, possamos humildemente dizer como João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua", ou como Paulo: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Ao contemplarmos tais situações, por outro lado, nossa atitude deveria ser a de vestir-nos de sacos e assentar sobre as cinzas para chorar os nossos pecados pessoais e coletivos, orar pela restauração de quem está sendo tratado pelo Senhor e, com inteireza de coração, nos expormos aos braços amoráveis do Pai para deixar de ser sustentados pelas nossas próprias pernas.

Líderes são necessários na igreja desde os primeiros dias do Cristianismo. Atos dos Apóstolos descreve a sua existência. As epístolas tratam de forma clara o assunto. Mas não formam casta especial. Privilegiada. Com alguns galões que possam distingui-los dos demais crentes em sua relação com Deus. Não são pequenos deuses para ser glorificados pelos homens. São modelos, inclusive na fraqueza, para que possam pelo exemplo mostrar aos que lideram, no mesmo nível, que só pela graça - unicamente e apenas pela graça - sem qualquer outro privilégio, podem superar as falhas e buscar a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. E aí todos saberão que ninguém é melhor do que ninguém ou ocupa lugar especial à direita ou a esquerda do trono de Deus.

Somos humanos, fracos, faliveis, necessitados, dependentes, incapazes em nós mesmos, para os quais o Senhor, que enfrentou todas as nossas fraquezas em sua humanidade, pode dizer: "A minha graça te basta".

Por Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ

UM CHAMADO PARA ALÉM DOS LIMITES

Texto Base: Ezequiel 33:1-20 (Não deixe de Ler!) 


Judá e Jerusalém estavam cativos na Babilônia, um século depois de Isaías ter advertido Ezequias, rei de Judá, sobre o exército assírio. Este foi o tempo de dois dos maiores profetas levantado por Deus, Jeremias e Ezequiel. 

Sendo que Jeremias foi quem incitou Judá e Jerusalém a seguirem a orientação do Senhor e se renderem ao exército babilônico. Em suas Lamentações, encontramos o profeta em meio ao cerco e queda da cidade.

E Ezequiel, foi o profeta que exerceu o seu ministério no exílio, na Babilônia. Ele fora levado ao exílio em uma das primeiras levas, provavelmente 597 a.C.

Ezequiel foi treinado para ser sacerdote na cidade de Davi e conhecia bem a vida religiosa de seu povo. Talvez ele até tenha ouvido Jeremias pregar em Jerusalém antes de ser levado embora, apesar de nenhum dos dois profetas se referirem um ao outro. Mas já que Ezequiel estava a um exílio de distância do Templo, poderia até parecer que não haveria futuro para esse sacerdote servir o povo de Deus. 

Afinal, o trabalho do sacerdote era vinculado ao Templo. De forma semelhante no início, muitos judeus ficaram preocupados com a ideia de que Deus talvez estivesse inacessível a eles já que estavam longe da Terra prometida. Mas esse não era o caso nem para Ezequiel e nem para o povo. Deus preparara esse jovem sacerdote para ser Seu porta-voz especial entre os judeus exilados.

Lembramo-nos sempre da visão maravilhosa que o profeta Isaías teve do Trono de Deus, com os anjos por toda a volta bradando, SANTO, SANTO, SANTO. Na maioria das vezes, essa passagem é usada para nos levar à consciência do chamado missionário de cada um, ou na pior das hipóteses, da Igreja.

Lembramo-nos também, com certa frequência, da experiência que Moisés teve ao contemplar a presença de Deus junto à sarça que ardia sem ser consumida pelo fogo. Das vezes que ele ouviu Deus e falou com Deus, dos milagres que Deus lhe mostrara e que ele protagonizou.

Mas quero chamar-lhes a atenção para algo raramente comentado, raríssimamente pregado, e quase nada aplicado na vida da Igreja. O fato que o ministério deste profeta em exílio tem início com uma visão grandiosa de Deus em Sua corte celestial. O livro, como todo grande livro da Bíblia, inicia com a visão de Deus, O REI. (1:1).

Devemos lembrar, antes de tudo, da razão do povo de Deus estar cativo. Era o castigo de Deus sobre Seu povo. O Senhor deixou-os um período de tempo (70 anos) onde, fora da terra, do trono e do Templo, poderiam entender o que fizeram de errado e deixariam de idolatrar esses elementos.

A Terra Prometida, a linhagem davídica de reis e o Templo, que simbolizavam a presença de Deus, eram bons presentes que Ele lhes dera. Todavia o povo usou-os mal. Os presentes tornaram-se importantes demais. Por isso o Senhor levou-os embora ao chama-los para a Babilônia. Ele os deixou de lado por setenta anos para que se concentrassem novamente no que era especial e a razão por que isso é importante. 

Aliás, o mesmo tem acontecido até os dias de hoje. Deus continua a presentear (por assim dizer) o Seu povo e este têm usado mal o que Ele têm dado. Eu não consigo mais olhar os primeiros capítulos de Atos com uma visão romantizada da igreja modelo. Isso porque, a primeira igreja errou ao desviar-se do propósito do Senhor da Igreja que é Jesus Cristo.

É fato que ela cresceu muito e o povo vivia como um só. Cresciam no conhecimento da doutrina dos Apóstolos e tinham tudo em comum. Isso tudo é digno de nota e exemplo, mas ela já era uma igreja que estava caminhando fora da ordem de Jesus. Ela estava usando mal o presente que Deus lhes havia dado, que era o Espírito Santo, o poder para serem testemunhas em Jerusalém e fora dela. Reparem que a igreja crescia pelo testemunho e pelos sinais que acompanhavam os Apóstolos, e eles tinham a afeição do povo, mas permaneceram dentro dos muros de Jerusalém. 

Assim como o povo de Deus no Antigo Testamento, a igreja nos primeiros momentos de existência acabou se acomodando no seu crescimento e na sua vida de comunidade. Não era só para isso que o Espírito Santo lhes foi concedido. O Reino de Deus tinha que ser espalhado e crescer além dos muros de Jerusalém. O conhecimento da Glória e da Graça de Deus em Cristo Jesus, tinha que ser pregado para todos os povos, e isso, segundo a ordem de Jesus, deveria ser feito imediatamente depois que o Espírito Santo lhes fosse concedido.

Até hoje têm sido assim. Deus nos dá seu presente e usamos erradamente o que Ele nos dá. Temos vivido como se tudo terminasse aqui. A Palavra de Deus não nos comove mais, somos como o povo para quem o profeta Ezequiel advertia quanto à desobediência à Palavra pregada (Ezequiel 33:30-32). Além disso, os seus líderes eram corruptos e apenas “apascentam a sim mesmos” (34:2).

O que vemos hoje em dia é exatamente isso. Primeiro Deus tem permitido o acesso das pessoas às igrejas. Temos igrejas de todas as formas e tamanhos. Igrejas para todos os gostos e todos os segmentos. Você vai às igrejas e o que vê? Com raríssimas e honrosas exceções, vemos igrejas voltadas para seus propósitos, seus sistemas seus métodos, mas nenhuma prática missionária, nenhuma preocupação com a evangelização pessoal, nenhuma preocupação com a glória de Deus e o crescimento do Reino de Deus. Mas tão somente o crescimento e o estabelecimento do seu sistema, seu método, seu reino. As igrejas estão acomodadas porque as pessoas estão vindo!

Mas o que vemos também, são pastores corruptos. Adeptos do sistema mundano do toma lá da cá, ensinando práticas contrárias às da Bíblia, preocupados com seus negócios, seus afazeres, seu ganha-pão. Não estão preocupados em pregar o Evangelho do Reino, e fazer discípulos. A igreja virou um negócio de família. Foi assim com o sumo sacerdote Eli e era assim nos tempos de Ezequiel, e é assim hoje.

Simultaneamente a isso, o povo vem às igrejas, sentam-se, ouvem e desfrutam da Palavra de Deus, e a seguir, ignora-A! Vejam que naquele tempo, eles faziam todos os rituais de adoração a Deus, mas o coração era devotado aos ídolos.

Em suma, o povo de Israel tentava acreditar na prosperidade de sua terra, na estabilidade política da linha davídica e até no Templo, mas o tempo todo ignorava a Palavra de Deus. Portanto, nenhuma dessas coisas os salvaria. Que isso nos sirva de lição. Não precisamos de “religião” para nos salvar, precisamos, sim, da devoção real e exclusiva, no único Deus verdadeiro. Não sejamos como os israelitas que aprenderam a gostar de ouvir a Palavra de Deus, mas ao mesmo tempo, ignoravam o chamado dela à obediência.

Quero chamar a sua atenção para o texto inicial de Ezequiel 33:1-20, que ressalta de maneira clara e objetiva, três das maiores verdades que na Bíblia, caminham sempre juntas, mas que na nossa mente e prática, é difícil de adequar. São a “responsabilidade e escolhas pessoais”, a “obediência ao chamado divino de cada um” e “a Soberania de Deus”.

E juntamente com essas três verdades expostas tão claramente, temos implícito ainda, “uma condicional” e “uma declaração assertiva”, que é uma declaração do fato, direto, claro, objetivo, sem meias palavras. Tanto uma como a outra, são declarações de Deus, o REI. 

No versículo 2, encontramos: “Filho do homem (Deus, O REI, falando com o profeta), fala aos filhos do teu povo:...” – No hebraico, a palavra traduzida para “fala”, significa: falar, declarar, conversar, comandar, prometer, avisar, ameaçar, cantar
Na sequencia, Deus diz ao profeta: “Quando eu fizer vir a espada sobre a terra,...” – Esta que frase está no futuro do indicativo, é uma assertiva, uma declaração de algo que irá acontecer independente do tempo, que neste caso é o “kairós” de Deus. Equivale a dizer: “No dia em que” ou “Na hora que”.
Seria totalmente diferente se o texto iniciasse com: “Se eu fizer vir...”. Aqui, é uma condicional – pode acontecer ou não. O que daria ao ouvinte e ao leitor a sensação de impunidade ou irresponsabilidade sobre o assunto.
Aliás, essa tem sido a postura da maioria, ao ouvir um sermão bíblico, “Ah, isso não é pra mim”, “Isso é para os mais jovens”.
Continuando ainda no verso 2: “...e o constituir por atalaia;” – Ou Vigia. No hebraico significa: tomar cuidado, olhar ao redor, espiar, vigiar, observar, guardar.

Lamentavelmente, quando lemos esta passagem, e eu já a li e falei sobre ela muitas vezes, achamos forte demais e ao mesmo tempo distante demais de nós. E por isso, tendemos a deixar de lado como se não fosse com para nós.

Quero lembra-los, mais uma vez, como Ezequiel inicia seu ministério. Com a visão do trono de Deus em glória e majestade. Deus se apresenta como REI, sobre tudo e sobre todos. Soberano e Senhor. Aquele de quem só nos resta obediência. Portanto, ao lermos esse texto, temos que encarar o fato que é a Palavra do REI. Está disposto a desobedecer?

Ele se apresenta como Ùnico. Temos a tendência principalmente com o anos, de formar em nossa mente, um Deus à nossa imagem, e passamos a achar que Deus está sempre pronto a relevar as coisas, assim como nós. Deus não releva nada. Ele haverá de julgar a todos nós pelo que fizemos com a Sua Palavra, pela nossa desobediência e descaso com a Sua Palavra e ordem. Ao mesmo tempo, acabamos por viver a vida cercado dos nossos conceitos com relação às pessoas e à vida e ao mundo e achamos que Deus pensa como nós. Quanto engano, quanto erro!

Desde a primeira igreja em Atos, Deus mostra que para cada ato, para cada decisão, para cada omissão, haverá um castigo. Enquanto a igreja crescia em número e caía nas graças do povo, o Senhor estava preparando a perseguição. E só depois que o povo se dispersou, a Palavra se espalhou para fora dos muros como ordenou Jesus.

O que encontramos no capítulo 33? Uma ordem para pregarmos a Palavra de Deus a todos aqueles que não a conhecem. Todos aqueles que estão perecendo, a todos os que estão morrendo em seus delitos e pecados.
Pessoas estão morrendo meus queridos, a cada segundo. Isso não nos atinge porque não temos dentro de nós a compaixão de Cristo. Não temos dentro de nós o amor pelo próximo e não tão próximo. Não temos dentro de nós a urgência da volta de Cristo. Não temos dentro de nós a dimensão do horror do inferno, como tinham os puritanos do passado.

Voltemo-nos agora, enquanto há tempo, para as palavras do Senhor Jesus, Senhor da Igreja: “Ide, pregai o evangelho a toda criatura”, “Ide, e fazei discípulos de todas as nações”, “E recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunha, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”

Voltemos ao puro e simples Evangelho. Voltemos à prática do Evangelismo Pessoal. Abandonemos as nossas prioridades, e nos voltemos à prioridade de Cristo em nossa vida e vida de todos.

A Deus somente seja toda a Glória.
Por Pr Cefas Cesar/IEADA/EXTREMOZ